O resultado é um zouk love gostoso, daqueles pra dançar de olhos fechados, com grande apelo pop e extremamente sedutor. A faixa foi produzida por Aíla ao lado da multi-instrumentista baiana Aline Falcão e Will Love, dj e produtor de tecnobrega. A composição também é assinada por Aíla e Aline em parceria com Roberta Carvalho e Neila Kadhí. Uma prova da conexão total entre Pará e Bahia com células do carimbó, guitarras molhadas e as mil cores e luzes do som que nasce na Amazônia.
“É uma música que fala de encanto, fascínio, mistério. Eu não conheço um ritmo mais charmoso do que o zouk. Ele é a cara do Pará, e vem dessa conexão quente e vibrante que temos com os sons da América Central, principalmente do Caribe”, diz a artista.
“Este é um single que abre caminho para o novo álbum e foi muitíssimo especial ter iniciado a imersão desse processo estando em Belém. O coração bateu forte por gravar o clipe aqui, com uma equipe de conterrâneos arrasadores. Meu novo trabalho vai flertar com os sons vibrantes, dançantes e populares, que vêm das periferias da Amazônia e que tem tudo a ver com minha origem”, adianta.Sobre a narrativa do clipe, e a ideia da mitologia invertida, Aíla conta: “As lendas da Amazônia são uma fonte riquíssima de conhecimento, mas não podemos esquecer que pode mascarar ou justificar comportamentos sociais. Um cara que sai do rio, conquistador, galã, que engravida as mulheres e depois as abandona. Por esse motivo, este conto é tão utilizado para justificar gravidez de mãe solteira pelos interiores do Norte. Sempre me perguntei até que ponto isso não servia para mascarar violências”.
Aíla, o diretor Vitor Nunes e a artista visual Roberta Carvalho montaram um núcleo criativo e pensaram em inverter a narrativa dessa lenda, colocando como protagonista uma mulher.
“E ainda mais…uma bota lésbica, que nasce nos rios da Amazônia, nas águas marrons, no ‘Pará-íso’ e transborda paixão, encanta corações, e leva esse misticismo com outro olhar”, explica Aíla.
Mais sobre a artista
Aíla, uma das principais vozes da nova cena pop, é de água doce, dos rios gigantescos e misteriosos do seu Pará, que carregam vida e ancestralidade. Seu som ecoa dessa água, desse movimento, dessa vontade de mover as coisas. Sua origem é sempre inspiração e o Pará segue sendo exaltado na sua discografia.
“Acho que essa vontade de nunca deixar pra trás a minha origem fala muito de mim. Nasci e cresci na Terra Firme, um bairro periférico da cidade de Belém, que pulsa arte, música eletrônica (tecnobrega), cultura popular, e um milhão de coisas incríveis e originais”, conta.
Suas turnês já circularam por muitos palcos do Brasil, como Coala Festival (SP), Sesc Pompéia (SP), Circo Voador (RJ) e Se Rasgum (PA) e após lançar os singles “Treme Terra” (2019) e “Amor e Sacanagem” (2020) – um feat. com a cantora potiguar Luísa Nascim – Aíla começa a mostrar seu novo projeto.
“Esse próximo álbum quer falar desses cruzamentos da música pop com a música quevem da periferia, que na verdade, pode ser a mesma coisa. Afinal, quem dita a músicapop no Brasil e no mundo é o som que vem das bordas. Minha vontade é expandir,criar novas conexões, novas narrativas. Todo álbum é uma nova viagem, um novoassunto”, revela.
“Água Doce”
Eu senti teu calor
Bagunçou, mexeu comigo
Tu chegou, mergulhou
E me levou contigo
Eu senti teu sabor
É água doce, doce
E choveu, me molhou
É maré cheia
Chega, Chega!
E me beija a boca
Esse teu jeito de dançar gostoso
Só pra provocar
Chega, Chega!
Vem, me deixa louca
Teu corpo quente me derrete toda
Ah Ah Ah Ah
É um suingue, calor envolvente
A gente gruda, água na boca, tudo fica quente
E faz suar de um jeito diferente
Teu gosto que é fogo, incendeia
Vai!
Tu tá tirando uma onda comigo
Ah menina, com esse gingado tu é um perigo
Vem mergulhar nesse paraíso
Ah Ah Ah Ah!