Entretenimento

A diversidade chegou na TV e agora?

Quais os próximoscaminhos devemos conquistar para que a inclusão possa de fato acontecer?

Finalmente vemos a diversidade chegando em grande escala na TV, o ostracismo televisivo para conteúdos ligados a sexualidade, empoderamento feminino, visibilidade para a comunidade negra e personagens LGBTs em filmes, séries e novelas está acabando. A luta foi e ainda é muito importante para que mais pessoas possam se identificar e sair da bolha da heteronormatividade, do machismo e da hegemonia de personagens brancos na TV.

Beijo lésbico na novela Babilônia
Beijo lésbico na novela Babilônia

O combate ao preconceito dentro das novelas é algo muito discutido pelos movimentos sociais e recentemente pelas militâncias digitais no Twitter, Facebook e Instagram. Toda vez que um beijo entre dois homens era anunciado na TV, a parte mais conservadora da sociedade tentava boicotar. O caso mais grave foi o da novela “Babilônia” que sem avisar já colocou duas grandes atrizes se beijando no primeiro episódio, Fernanda Montenegro e Nathalia Timberg que viviam um casal de lésbicas casadas há anos. A novela tinha um contexto muito interessante com histórias inovadoras e uma trama que poderia abordar temas tidos como tabu, mas sofreu boicote por parte dos evangélicos e dos conservadores, acabou tendo uma audiência muito baixa, seus episódios foram reduzidos e acabou com um final que o público que assistia não gostou.

Com a chegada da Netflix, novas produções passaram a ser vistas por todo o Brasil, as séries de maior audiência com conteúdo de diversidade ganharam fãs brasileiros “Sense8”, “Orange Is The New Black”,” Cara Gente Branca” (Dear White People) entre outras e recentemente o mundo dos reality shows com “Queer Eye”, contando a vida de 5 homens gays que mudam a história de várias pessoas,.

Glamour Garcia
Britney (Glamour Garcia) da novela A Dona do Pedaço

As novas formas de consumir conteúdo fizeram com que a TV mudasse a sua estratégia, a rede Record preferiu ir por um caminho diferente fazendo séries e filmes voltados para o público cristão. Já a Globo vem inovando e inserindo aos poucos novos personagens LGBTs em papeis de destaque, mas sem tirar o foco das séries e novelas. É o que estamos vendo atualmente na novela “A Dona do Pedaço” com a personagem transexual Britney interpretada por Glamour Garcia.

Onda conservadora

Toda essa diversidade na TV vem sendo acompanhada pelos conservadores que apesar de estarem quebrando seu próprio preconceito, mesmo não percebendo, continuam a atacar e agora não é mais só a uma novela específica, é um ataque contra a emissora. Criando factóides, tentando destruir a imagem da Globo, para que as pessoas passem a assistir as novelas da concorrente, que tem conteúdo bem mais conservador.

Porém, aos poucos a Record também vem evoluindo seu pensamento, se não é com pessoas LGBTs é com um tabu feminino, o tema aborto foi colocado na novela chamada Topíssima, eles exibiram um diálogo sobre o aborto onde um dos personagens dizia que a lei do aborto ainda não foi aprovada por causa da religião e depois exibiu a cena do aborto. O que revoltou a comunidade cristã que não vê isso com bons olhos,

Pink Money e Black Money

Com a chegada das marcas para abraçar as causas LGBTs e de visibilidade negra, cada vez mais as emissoras se sentem pressionadas a trazer personagens que tragam a diversidade para dentro de seus programas, quanto mais diversos mais marcas contribuirão. A emissora vive em parte da publicidade que gera, e nem sempre marcas grandes querem fechar parcerias, logo, marcas pequenas e que estejam interessadas em apoiar a produção por causa de algum personagem ajuda a sobrevivência da emissora.

Óbvio que as marcas ganham algo em apoiar a diversidade, mas acaba sendo uma troca mútua, o Pink Money (parcela do mercado que gera valor a partir do público LGBT) ou o Black Money (parcela do mercado que gera valor a partir do público negro) não é algo ruim, pelo contrário. É extremamente positivo, é a diversidade mostrando que tem poder, que precisa ter produtos e serviços pensados especificamente e que há um diferencial, logo marcas que apoiam o segmento tem mais visibilidade e respeito do público .

O que virá no futuro?

No futuro as novelas e séries finalmente vão exibir toda a diversidade presente no cotidiano dos brasileiros, não temos só um amigo gay, você não conhece só uma pessoa trans. O país mudou e com ele as novas configurações de famílias, aos poucos a diversidade sai das margens da sociedade e convive com os que estão no centro da sociedade. A Globo anunciou a novela “Bom Sucesso” e presente estarão personagens gays, uma mulher lésbica com protagonismo negro inspirada em Marielle Franco, uma personagem trans e uma criança trans.

O fenômeno da diversidade na TV já aconteceu em outros países como os Estados Unidos por exemplo, e agora chega ao Brasil um pouco atrasado, mas em um tempo necessário. As pessoas precisam conhecer mais histórias para que a empatia aconteça. O Brasil tem muito a evoluir em suas produções, mas ao que tudo indica, estamos indo por um bom caminho.

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Willamys Guthyers

• Joralista • Ativista LGBTQIAPN+ • Copywriter • Analista de Marketing Digital

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