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“Bum, bum, tchau”: Série La Casa de Papel escancara universo da pegação

Personagem fala abertamente sobre homens que procuram homens para sexo em banheiros

[ALERTA DE SPOILER DA TERCEIRA TEMPORADA DE LA CASA DE PAPEL]

Na terceira temporada de La Casa de Papel que estreou no dia 19 de julho na Netflix, foi acrescentado um novo personagem que atende pelo nome de Palermo, interpretado pelo ator argentino Rodrigo de La Serna. Palermo é colocado na trama pelo seu conhecimento do novo plano, mas o que também chamou a atenção do público foi o seu discurso machista que inferioriza mulheres e trata homossexuais como meros objetos sexuais.

Ele usa a frase ‘bum, bum, tchau” / “Boom, Boom, Ciao” para tratar o sexo que faz com outros homens como uma necessidade fisiológica, que deu vontade, vai em algum lugar, pois sabe que acontece o sexo, pratica o ato e depois se despede, seguindo a sua vida como se nada houvesse ocorrido. Esse é um discurso bem presente na sociedade atual e que não é contado em séries ou filmes.

A realidade

Palermo e Helsinki em La Casa de PapelEm um dos momentos de sua fala com conteúdo machista, explica que existem espaços em todo o mundo onde homens podem fazer sexo com outros homens, saunas, cinemas, becos, bibliotecas e tantos outros. Ele não está mentindo, a prática do sexo em locais públicos existe faz muito tempo e aqui no Brasil não foge à regra, tendo espaços em banheiros de shoppings, cinemas pornô, praias e parques.

Utilizar dessa informação para inferiorizar mulheres por não fazerem o que muitos fazem é algo ridículo, a prática vai de cada pessoa, existem homens que não utilizam estes espaços para os atos e que denunciam por não concordarem. Mas a sociedade criou um homem que faz as coisas sem medo, e que frequenta locais à procura de sexo para saciar a sua vontade, mas não externam isso para o mundo, para não sofrerem com a LGBTfobia que tem com eles e com os demais.

Tempos Modernos

Sair do armário é um termo que está ficando ultrapassado (se já não é), mas o que ocorre é que a vida de muitos “heterossexuais” são como a do Palermo, com a diferença que o personagem ainda conta ao mundo o que vivencia. Para muitos que ainda não são abertamente LGBT, a pratica silenciosa que a sociedade não precisa saber, deve continuar assim, enquanto eles praticam sexo com os presentes, mas que fora desses espaços se cruzam na rua e fingem que nunca se conheceram, capaz até de promover comentários de cunho preconceituosos. Relatos não faltam nas redes sociais do tipo: “Me chupou hoje no banheiro, mas passou do meu lado com a esposa e deu para ouvir quando me chamou de bichinha”.

Os tempos são modernos ao ponto de muitos não precisarem sair de seus armários, suas conchas, suas cristaleiras ou seja lá como querem chamar. Mas isso não dá o direito de quando não está presente em um espaço dito como “Pegação”, vir xingar quaisquer LGBTs. Esse tipo de comportamento deve ser combatido, e esse tipo de homem não deveria estar frequentando esses locais, homossexuais não devem ser visto apenas como um mero “bum, bum, tchau”.

O comportamento machista e LGBTfóbico de vários homens é nocivo para a sociedade, isso é uma realidade que ficou bem mais evidente com as falas do personagem Palermo. O pensamento de que existe um macho-alfa, que pode ser casado e ter filhos, pode usar LGBTs para suas práticas sexuais e que também pode fazer discursos de ódio contra mulheres e LGBTs, não pode se proliferar.

A série “La Casa de Papel” inovou ao trazer essa história, mas precisamos de um desfecho, como a série é muito assistida, precisamos que uma mensagem de explicação para esses homens seja dita e que possa ser entendida. Explicar que os tempos mudaram, que eles precisam sair das cavernas e entenderem que o mundo não se resume aos seus pênis.

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Willamys Guthyers

• Joralista • Ativista LGBTQIAPN+ • Copywriter • Analista de Marketing Digital

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