Gabeu criou seu próprio espaço dentro do cenário musical atual, sendo pioneiro de seu próprio gênero musical (o ‘queernejo’) e explorando todas as possibilidades desse estilo – mas, após o lançamento de seu primeiro álbum, “AGROPOC”, o artista começa a expandir seu repertório com “Lance Aberto”, novo single lançado nessa quarta-feira, 15.
Transcendendo suas raízes naturais no sertanejo, especialmente com a influência de seu pai, o cantor Solimões, Gabeu mudou-se para São Paulo e com isso, abriu seus horizontes. “Esse é o meu primeiro passo para algo mais urbano”, conta o artista, relatando que o conceito, a letra e até mesmo a estética de “Lance Aberto” representa “o contato com a modernidade”.
Em termos simples, o novo single fala sobre não-monogamia, tipo de relacionamentos cada vez mais discutido atualmente – mas, em um nível mais profundo, “Lance Aberto” vai além disso. A faixa traz um conceito tradicional do sertanejo, a tão famosa sofrência, e a puxa para algo mais atual: a ideia de relacionamentos abertos e traições.
“Lance Aberto” canta sobre um relacionamento desses em que não há comunicação entre os parceiros – o que resulta na sofrência. A faixa, que conta a história de uma traição, vem de um relacionamento passado dele, mas, “nenhuma das minhas músicas é 100% sobre coisas que aconteceram comigo”.
“Acho que peguei um pouco da minha falta de traquejo na hora de comunicar meus sentimentos e desejos dentro de uma relação e projetei isso em uma situação de traição”, explica Gabeu sobre a inspiração desse novo single.
Acrescentando: “Óbvio que já fui corno, não exatamente da forma como canto na música, mas para mim a composição é muito sobre a possibilidade de brincar”.
No quesito do ritmo, “Lance Aberto” também mostra uma novidade na carreira de Gabeu, abrindo seus talentos musicais para maior experimentação – mesclando, dessa vez, sertanejo e reggaeton, inspirado pelo também sertanejo Luan Santana. Nas outras músicas que o artista planeja lançar esse ano, essa mistura de gêneros é contínua.
“Lance Aberto” também acompanha um videoclipe – superprodução com conceito criado especialmente para essa faixa e nova ‘era’ de Gabeu. Gravado no Andar 43, “esse apartamento de chão de taco, com muitas plantas, algo até meio clichê dentro do contexto central de São Paulo”, o vídeo tem uma estética fixa e urbana.
“Vivi alguns anos na Santa Cecília e por um tempo eu era a famosa gay chão de taco, mas hoje me identifico muito mais como a gay azulejo que imita madeira porque dá menos trabalho na hora de limpar”, brinca Gabeu, explicando o porquê decidiu por essa visão.
Acrescentando, sobre a narrativa do vídeo: “Vemos três pessoas felizes se amando, se divertindo e dançando. Pra mim o videoclipe é justamente sobre esse contraste, sobre essa idealização do que poderia ter sido essa relação, se houvesse mais diálogo e transparência”.
[Best_Wordpress_Gallery id=”3″ gal_title=”Gabeu – Lance Aberto”]“Lance Aberto” abre um novo momento na carreira de Gabeu – após o lançamento de seu disco de estreia – uma ‘era’ de experimentação e integração maior na cena do pop. Já tendo explorado o sertanejo com sua visão única, Gabeu agora tem seus olhos em um horizonte ainda maior com os lançamentos de 2023.
Sobre Gabeu: Gabeu usa o termo Queernejo, valorizando as narrativas cuja a figura heteronormativa seja questionada, ao mesmo tempo que propõe um resgate de uma cultura caipira que ficou para trás. Ao lado de outros artistas LGBTQIA+, Gabeu reivindica seus direitos no contexto interiorano e sertanejo. Em 2020, ocorreu a primeira edição do Fivela Fest, festival idealizado e organizado por Gabeu, Gali Galó e Alice Marcone, que visa apresentar artistas sertanejos LGBTQIA+.
Seu primeiro álbum, intitulado AGROPOC, foi lançado em agosto de 2021 e traz como conceito a apresentação de diferentes facetas do sertanejo, reunidas em 10 faixas, dentro da programação de uma rádio, a Rádio Agropoc. O álbum, que já conta com mais de 1 milhão de plays nas plataformas digitais, revisita e explora alguns momentos do estilo musical e também de outros gêneros que dialogam com a estética e sonoridade sertaneja, além de possuir participações de outros artistas do movimento Queernejo como Bemti e Reddy Allor. O projeto foi indicado ao Grammy Latino 2022 como Melhor Álbum de Música Sertaneja, tornando Gabeu o primeiro artista independente gay a concorrer na categoria.
