Um novo musical estreou em Londres esta semana sobre a notória Seção 28 da Grã-Bretanha, uma série de leis em vigor de 1988 a 2003 que proibia a “promoção da homossexualidade” por funcionários do conselho local com autoridade sobre escolas, bibliotecas e teatros.
A introdução da legislação, pelo governo conservador de Margaret Thatcher no auge da epidemia de AIDS, tem paralelos com o pânico moral de hoje sobre os direitos trans no Reino Unido e nos EUA, especialmente a disseminação do medo, desinformação e autocensura em toda a comunidade LGBTQ+. comunidade e sociedade em geral.
“Há uma sensação de que a Seção 28 está roubando anos”, disse a co-roteirista e intérprete Ellice Stevens, 31, ao Guardian , “e roubando a capacidade de ter confiança e autoaceitação como adolescente”.
After the Act, estreou na terça-feira e é baseado em entrevistas com pessoas afetadas pela censura das leis. O título é uma referência a uma ação política chamada Before the Act , um enorme evento beneficente foi realizado no Teatro Piccadilly, em Londres, um mês após a Seção 28 ter sido aprovada no Parlamento.
Semelhante em espírito a outras ações que se opõem à lei – como manifestantes se reunindo na Câmara dos Lordes ou invadindo uma transmissão ao vivo da BBC – antes que a lei fosse projetada para chocar e entreter. A revista foi organizada pela trupe de teatro lésbico 20th Century Vixen, e apresenta uma coleção de canções e cenas resplandecentes em vibrações e performances estranhas, com Ian McKellen, Judi Dench e o maestro Simon Rattle fazendo uma reverência e jogando rosas cor-de-rosa para a multidão no fim do show.
Como fez seu homônimo, o co-criador e co-roteirista Billy Barrett, 30, espera que o After the Act “funcione como uma ação política”, além de entreter nos dias modernos.
“A história da Seção 28 costuma ser contada pela geração que lutou contra ela”, diz ele, “mas raramente pelas pessoas que cresceram sob ela”.
After the Act concentra os alunos, professores e ativistas diretamente afetados pela censura das leis, em um formato de documentário chamado verbatim theatre, que define entrevistas em primeira mão com música executada por um elenco totalmente queer. Os sons das próprias influências musicais dos criadores – como Pet Shop Boys, Meatloaf e Bonnie Tyler – infundem a trilha sonora.
“A Seção 28 era sobre silenciamento”, diz Barrett, “então estamos descobrindo essas vozes e trazendo-as para o palco”.
As comparações com o pânico dos direitos trans devem ser óbvias, dizem os jovens criadores do After the Act .
“Muito do discurso público em torno da Seção 28 parece estar sendo repetido na histeria em torno dos direitos trans”, diz Barrett, “particularmente na linguagem da proteção infantil”.
“Fui a um protesto na semana passada sobre a Seção 35 ”, diz Stevens, referindo-se ao movimento do Parlamento para bloquear o recente projeto de lei de reforma de gênero da Escócia. “As semelhanças com os discursos na marcha de 1988 em Manchester contra a Seção 28 são estranhas.”
“Trata-se de dizer, isso lembra alguma coisa?” diz Barrett. “De que lado você pensa que está aqui?”
